O mel das abelhas brasileiras. 03/09/2007
A DIFERENÇA DO MEL DAS ABELHAS SEM FERRÃO
A meliponicultura é a criação e estudo das abelhas indígenas sem ferrão, do gênero Melipona. Essa atividade tem crescido muito na região do Acre, junto à EMBRAPA, em parceria com a Universidade Federal do Acre. Esse projeto tem o objetivo de capacitar famílias de produtores rurais adotando técnicas de manejo que garantem mel de qualidade e reduzem perdas e custos da produção.
A intenção, de acordo com a pesquisadora Patrícia Drumond, líder do projeto e coordenadora do evento, é integrar a criação de abelhas sem ferrão ao manejo florestal madeireiro, pois é a principal atividade econômica das famílias da região, e são muito comuns ninhos dessas abelhas serem encontrados nas árvores exploradas.
“Os ninhos são transferidos para caixas de madeira, onde as abelhas se reproduzem. Além de garantir mel de qualidade para o consumo, a atividade pode se converter em fonte alternativa de renda para os produtores. Com boas floradas e manejo apropriado, em dois ou três anos é possível multiplicar o número de colônias e a produção. Dependendo da espécie de abelha e das técnicas adotadas é possível obter até 8 litros de mel por caixa”, explica Patrícia.
As abelhas indígenas sem ferrão, na verdade possuem ferrão, sendo este atrofiado, portanto, incapazes de ferroar. No Brasil existem mais de duzentas espécies dessas abelhas, entre elas a uruçú e a jandaíra são as mais criadas no norte do país. Na região sudeste a mais comum é a jataí.
Essas abelhas foram denominadas “indígenas”, pois essa prática foi utilizada inicialmente pelos índios e, posteriormente por pequenos e médios produtores.
Acredita-se que investir nesses treinamentos para os produtores é o caminho para tornar a atividade auto-sustentável, melhorando a produção e despertando o interesse de novos produtores. Desse modo, também não haverá prejuízos ao produtor por manejo inadequado.
O mel produzido pelas abelhas indígenas sem ferrão é diferente do fabricado pelas abelhas do gênero Apis, o qual estamos acostumados. As diferenças começam pela forma de manejo que é facilitado, onde não é necessária a roupa especial e equipamentos de proteção, devido a essas abelhas serem muito dóceis. As caixas de madeira são confeccionadas pelo próprio produtor e, por serem nativas, as abelhas buscam livremente seu alimento na natureza e dispensam cuidados veterinários, garantindo mais uma vez o baixo custo da produção.
Há inúmeros benefícios e vantagens na meliponicultura. O mel produzido é muito rico em nutrientes, vitaminas, proteínas, gordura e açúcares assenciais à saúde. O interessante é que tanto o mel quanto o pólen possuem taxas elevadas de atividade antibacteriana, por esse motivo, são utilizados como remédio na região.
Outra vantagem muito importante, inclusive ao meio ambiente, é que a atividade contribui com o plantio de frutas e culturas de ciclo curto, pois as abelhas indígenas sem ferrão são valiosos agentes polinizadores de inúmeras plantas nativas e culturas agrícolas.
Segundo informações do Portal Biotecnologia, além de conhecimentos sobre aspecto da biologia das espécies, como tamanho dos ninhos e capacidade de produção, é necessário promover um ambiente favorável ao uso racional dos recursos naturais. A ampliação da criação por meio de técnicas de divisão dos ninhos contribui para minimizar a pressão de retirada de novos ninhos do meio ambiente.
Bióloga Giulia Bagarolli D`Angelo
Fonte: Portal Biotecnologia