A vilã da vez pode ser substituída por vilãs ainda mais nocivas.
Se viesse de outro planeta, a embalagem “verde” seria uma boa substituta da sacola plástica...
O Prefeito de São Paulo Gilberto Kassab sancionou hoje, 19 de maio, lei que proíbe a distribuição e venda de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais da cidade de São Paulo, o que já havia sido aprovado há dois dias pela Câmara Municipal. No mês passado, durante a feira realizada pela Associação Paulista de Supermercados, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin assinou um protocolo de intenções com a entidade visando à exclusão das sacolinhas plásticas nos supermercados de todo o Estado de São Paulo. Aparentemente, ambas as atitudes são em prol do meio ambiente, já que está comprovado que as embalagens plásticas quando incorretamente descartadas no meio ambiente, podem entupir bueiros e contaminar rios e mares. Entretanto esquecem que o mesmo acontece e vai acontecer com outros materiais e resíduos jogados no meio ambiente. Porém, ao analisar com mais cuidado sob a luz de estudos de Análise de Ciclo de Vida e pesquisas científicas independentes, observa-se que os substitutos das sacolas plásticas, as denominadas embalagens “verdes” retornáveis e ecologicamente corretas, produzidas com algodão, lona, papelão, ráfia, têm importantes inconvenientes: ocupam grandes espaços de estocagem, precisam de mais caminhões para transporte ( mais trânsito, mais consumo de combustíveis, mais poluição, mais acidentes ), consomem muito mais água e energia além de gerarem mais gás carbônico durante a produção e na reciclagem, se é que estes materiais podem ser reciclados. Ou seja, ao serem fabricadas, poluem o meio ambiente e exigem maior dispêndio de recursos imprescindíveis para o bem-estar do planeta. Sem contar que são significativamente mais caras para o consumidor e, quando usadas, também irão parar no lixo ou também descartadas incorretamente no meio ambiente. Reportagem da TV Australiana mostra os problemas gerados pelas “ Ecobags “ http://goo.gl/rMcgO
Quanto à caixa de papelão distribuída gratuitamente pelos supermercados, é necessário considerar a alta possibilidade de contaminação de alimentos por produtos de limpeza anteriormente estocados na embalagem ou contaminação proveniente dos estoques e transporte. Estudos realizados recentemente pela empresa EcoSigma confirmam a contaminação de caixas de papelão distribuídas pelos supermercados no Brasil. Veja em http://goo.gl/E16sV
A decisão de substituir as sacolas plásticas por opções “verdes” pode ser pior do que o banimento do produto que pode ser produzido com pequena fração de petróleo, gás natural ou Etanol. É relevante nesse momento esclarecer a população de que nessa discussão, que envolve não só questões ambientais como interesses econômicos, há outros fatores a se considerar, o que exige análise apurada e imparcialidade. Principalmente baseados nos pilares da Sustentabilidade, os aspectos social, ambiental e econômico.
Um estudo científico realizado, em 2010, na Universidade do Arizona e na Escola de Saúde Pública da Universidade Loma Linda, na Califórnia, pelos pesquisadores Charles P. Gerba, David Williams e Ryan G. Sinclair, apontou a potencial contaminação cruzada de produtos alimentícios por sacolas de compras reutilizáveis. As amostras de sacolas foram coletadas aleatoriamente de consumidores que frequentavam mercearias na Califórnia e no Arizona. Nas entrevistas, verificou-se que as sacolas reutilizáveis raramente ou nunca eram lavadas e, muitas vezes, utilizadas para múltiplos fins. Um grande número de bactérias foi encontrado em quase todas, sendo que coliformes foram detectados na metade delas. (o texto completo desse estudo encontra-se no site http://goo.gl/hO6aQ).
As sacolas plásticas quando utilizadas com bom senso e convenientemente descartadas e recicladas não representam prejuízo ambiental, são leves, higiênicas, impermeáveis. Resistentes reusáveis e recicláveis, elas carregam 2 mil vezes o seu próprio peso e têm menor custo de produção, coleta e destinação final.
É estranho ver governantes e legisladores preverem o seu banimento como se as alternativas não gerassem impacto para a natureza. Talvez não gerariam impactos iguais ou maiores do que as sacolas plásticas se fossem produzidas e descartadas em outro planeta, que não fosse a Terra, onde vivemos.
Eduardo Van Roost
RES Brasil Ltda. Empresa que pesquisa e atua no mercado de tecnologias para produção de embalagens plásticas biodegradáveis desde 2000.