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Grupo de índios é fotografado pela 1ª vez no Acre.

Novas fotos de índios que nunca tiveram contato com o mundo externo foram divulgadas pelo governo do Acre. Esses indígenas sabem da existência do homem branco mas não buscam contato. 06/08/2009.

          Fotografias de um grupo isolado de índios na Amazônia foram divulgadas pela primeira vez por um funcionário da Funai, que sobrevoou a região em uma missão financiada pelo governo do Acre. O grupo fotografado é o maior dos quatro isolados que existem apenas no estado. Segundo o organizador da missão e coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental da Funai, José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, há registro da presença deles na região desde pelo menos 1910.
          "Resolvi fazer a divulgação porque os mecanismos (para proteger essas populações) não têm servido. Ou a opinião pública entra nisso ou eles vão dançar", disse o organizador da missão e coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental da Funai, José Carlos dos Reis Meirelles Júnior.
          O grupo fotografado é o maior dos quatro isolados que existem apenas no Acre. Segundo Meirelles, há registro da presença deles na região desde pelo menos 1910.
"Não sei nada deles, e a idéia é continuar não sabendo", diz Meirelles.
          As fotos mostram as malocas do grupo e índios pintados com urucum. Uma delas registrou o momento que membros do grupo tentam acertar o avião do fotógrafao com flechas. As mulheres índias do grupo de isolados que foi fotografado usam saiote de algodão. Os homens usam uma cinta de algodão na qual amarram o pênis. Raspam o cabelo até a metade da cabeça, mas a cabeleira se estende até o meio das costas. Usam tiaras e aparecem pintados de urucum (vermelho). Chama a atenção o fato de que alguns poucos aparecem pintados de jenipapo, isto é, com os corpos pretos, mas sem arco e flecha.
"Enquanto eles estiverem nos recebendo a flechadas, e eu já levei uma na cara, estarão bem. O dia que ficarem bonzinhos, já eram...", disse Meirelles.
          A Survival International, entidade que faz campanha pelos direitos dos índios, estima que haja cerca de 40 grupos indígenas isolados no Brasil (no mundo todo seriam 100).
Meirelles diz que já foi confirmada a existência de mais de 20 grupos isolados mas que dada a extensão da Amazônia, esse número pode de fato chegar a 40.
          Meirelles, que trabalha na Amazônia desde os anos 70, defende que esses povos sejam deixados como estão, já que escolheram permanecer isolados, mas acredita que as pessoas precisam saber que eles existam e que estão sob forte ameaça.
          "O futuro deles depende da gente, ou a gente preserva as regiões acidentadas (onde eles vivem) que não servem para agricultura, só servem para serem preservadas, ou essa gente vai acabar"
          Segundo o especialista da Funai, os índios que vivem na divisa do Acre com o Peru estão ameaçados pelas atividades predatórias na Amazônia peruana, como a exploração ilegal de madeira e a invasão de terras.
          "Tudo que é ilegal que você pode imaginar, acontece na Amazônia peruana. Do lado brasileiro, a gente consegue isolar, evitar invasões, mas a coisa está pegando do lado de lá (do Peru)."
         Ele diz ter provas de que pelo menos dois grupos do Peru passaram para a Amazônia brasileira. "São pelo menos duas aldeias com 15 ou 20 casas, mas esses daí você não fotografa. Eu já andei a pé por lá, mas quando você sobrevoa, esse pessoal desaparece."
"Por mim, eles são bem-vindos, mas o meu medo é que essa migração gere conflito (com outros índios estabelecidos no Brasil)".
Vulnerabilidade:
         Segundo Meirelles, os índios que vivem na fronteira do Acre com o Peru estão sob ameaça de brancos brasileiros "ainda", mas ressalta que não há como separar os impactos numa área de fronteira.
         "Tudo o que foi feito de ruim com as cabeceiras desse rio, exploração de madeira, petróleo, garimpo, tudo vai parar no Brasil. Está mais do que na hora de fazer alguma coisa."
As fotografias foram divulgadas pela Survival International, que apóia a política da Funai para povos isolados de "nunca fazer o contato, apenas demarcar a área e deixá-los em paz".
Meirelles diz que duas terras indígenas já foram demarcadas sem que fosse feito contato, e uma terceira nessa mesma situação está prestes a ser feita.
          Para a ativista da Survival Fiona Watson, o contato não só violaria os direitos dos índios, já que eles escolheram permanecer isolados, como poderia ser fatal. Watson cita casos de grupos que tiveram metade da sua população dizimada depois do contato. "Doenças facilmente curáveis para nós podem ser fatais." "Esses povos são únicos. Uma vez que eles desaparececem, desaparecem para sempre.
Os índios:
          Segundo Meirelles, trata-se de povo distinto dos dois povos que possuem malocas e dos Masko (nômades) que ocupam aquele território. A distância dessas malocas para as das cabeceiras do Riozinho e para as das cabeceiras do Humaitá e igarapés tributários do Envira é muito grande (cerca de 100 quilômetros) e a arquitetura delas difere das demais.
         - Nas cabeceiras dos igarapés Furnanha e Jaminauá, afluentes da margem direita do rio Envira, as duas malocas encontradas estão com roçados grandes, novos e velhos, com muita banana, macaxeira, mamão, milho e outras plantações que nas fotos parecem batata ou amendoim - relata o sertanista.
         Ao analisar as fotos, José Carlos Meirelles disse que as malocas estão com os roçados fartos e novos roçados estão sendo abertos. Ele ficou bastante impressionado ao constatar que os isolados estão se mudando para perto de igarapés maiores, o que não acontecia antes. Segundo o sertanista, com o controle da área, as invasões diminuíram e os índios se sentem mais tranqüilos para viverem na beira dos igarapés maiores, o que melhora e facilita a captura de peixes.
          Outra constatação do coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira é que as malocas das cabeceiras dos igarapés da margem esquerda do rio Envira (Paranãnzinho, Inês, Maronaua, Anjo e outros) não só aumentaram em número como em tamanho.
         - Os roçados são enormes, todos plantados de macaxeira, milho, algodão, banana, cana, batata, mamão, urucu e possíveis outras variedades que não são detectáveis nas fotos. São seis malocas e podemos afirmar que desde o primeiro sobrevôo, ocorrido há vinte anos, estes índios ao menos dobraram a população. São eles que aparecem nas fotos, pintados, fortes, guerreiros e sadios, recebendo nosso avião invasor com flechas - assinala Meirelles.

 

 

Fonte: http://terramagazine.terra.com.br
            http://noticias.ambientebrasil.com.br

Foto: Gleilson Miranda/Funai
 

 

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